FERTILIDADE DO SOLO: SISTEMA VIVO E PRODUTIVO


Marcelo Pimentel
Dia de Campo

         A partir de janeiro e durante todo o período de colheita da safra de verão 2012/2013, muitos agricultores, independentemente dos resultados alcançados nas lavouras de soja e milho, irão fazer um balanço de sua performance produtiva em busca do que é passível de ajuste, de aperfeiçoamento. Vão pensar nos defensivos, na genética das sementes, nos fertilizantes, no manejo da lavoura e vão até olhar para o céu pensando no clima. O solo também será observado, mas a questão é saber se será compreendido.
        Mais do que um elemento isolado, a fertilidade do solo é, na verdade, um sistema que deve ser interpretado de forma integrada e indissociável da atividade agrícola. De acordo com o pesquisador Djalma Martinhão, da Embrapa Cerrados, é possível afirmar que o sistema de fertilidade do solo é responsável por 50% do resultado de uma lavoura (ouça a íntegra da entrevista e saiba mais).

A parcela de milheto que aparece em 1º plano é sem adubação, portanto, sem produção de biomassa necessária, como consequência o teor de matéria orgânica do solo é baixo. Nas parcelas laterais e mesmo ao fundo verifica-se boa cobertura de biomassa, devido a essas parcelas serem adubadas

        Cobertura eficiente do solo, busca constante pela elevação do teor de matéria orgânica, adoção de critérios para coleta de amostras de solo seguindo o tipo de adubação realizada, são algumas das medidas que integram esse sistema que deve ser observado de forma ininterrupta. O solo deve ser percebido e monitorado como uma espécie de banco de fertilidade, que tem “entrada” e “saída” de nutrientes. Mas além disso, que também tem vida própria com a atividade microbiana, estimulada sobretudo pela quantidade de biomassa ali presente.
        Nessa época do ano, às vésperas do início do plantio da próxima safra de verão, quase nada pode ser feito para melhorar a fertilidade do solo. O trabalho, de acordo com Martinhão, já deveria ter sido todo feito. Contudo, o que se vê é que a maior parte das propriedades não está coberta com resíduos de culturas anteriores e portanto pouca biomassa no sistema.
Mesma área alguns meses depois

        “É o que eu gostaria de ver, mas não vejo. O que vemos é o uso do plantio convencional em metade das propriedades. As áreas estão nuas. O produtor gradeou, incorporou o pouco que havia de resto de cultura para poder semear a cultura subsequente. Essas áreas vêm, comprovadamente, perdendo em produtividade quando comparadas a áreas de plantio direto. Em um comparativo com soja, as áreas sem essa cobertura têm uma performance 30% inferior às áreas com plantio direto. No milho, diferença chega a 10%”, explica o pesquisador sobre o contexto da região dos Cerrados.
        Trabalhar o sistema de forma planejada é o ideal e é o que se recomenda. Ao optar apenas por “apagar incêndios”, suprindo pontualmente às necessidades que vão aparecendo, há prejuízos. Nas propriedades onde a atividade é bem planejada, as taxas de retorno líquido, bem como a produtividade das lavouras são sempre superiores também.



FONTE: Portal Dia de Campo

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