AGRICULTORES GAÚCHOS AGUARDAM POR REGULAMENTAÇÃO DE LEI QUE DISPONIBILIZA PROTETOR SOLAR GRATUITO


Os gaúchos lideram as estimativas de incidência de câncer de pele no Brasil. A previsão para este ano é de que a cada 100 mil homens, 6,71 tenham a doença, e a cada 100 mil mulheres, 6,36 sejam diagnosticadas. No exame preventivo realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2011, dos mais de 2,6 mil gaúchos examinados, metade declarou ficar exposta ao sol sem proteção, sendo que 13% foram detectados com câncer.
Os agricultores são os que mais trabalham expostos ao sol. Para melhorar o quadro da doença, o deputado estadual Heitor Schuch criou a Lei do Protetor Solar, sancionada em 2010, que permitirá a distribuição gratuita do produto para trabalhadores rurais, pescadores e aquicultores no Estado.
O autor da lei explica que serão beneficiadas as pessoas suscetíveis à doença, que já apresentam problemas ou que tenham recomendação médica para usar protetor o ano inteiro.
A regulamentação e o desenvolvimento do produto, porém, são dificuldades que adiam a aplicação da legislação. O Laboratório Farmacêutico do Estado do Rio Grande do Sul (Lafergs) é o responsável pela fabricação do protetor, mas o maquinário da produção ainda deve passar por reforma, e isso depende da autorização de órgãos de vigilância sanitária, processo com data indefinida. O farmacêutico indica que o produto poderá estar disponível até o final do ano que vem.
O diretor da Lafergs, Paulo Mayorga, explica que a fórmula do produto, com fator de no máximo 30, será diferente da utilizada nos protetores das praias. O protetor destinado ao produtor rural também terá propriedades que afastam os insetos.
– A principal diferença é a adição de repelente contra os insetos e a prioridade por matérias-primas do Rio Grande do Sul, além da incorporação de um antioxidante na fórmula, tendo em vista que seus efeitos são protetores e bastante benéficos para a pele – afirma Mayorga.
Apesar dos altos índices da doença no Estado, o cenário relacionado à prevenção do câncer é preocupante.
O chefe da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin, acostumado a percorrer as lavouras da região, afirma que a maioria dos produtores não se protege do sol. Ele mesmo passou a se prevenir a exemplo da entidade, que disponibiliza protetores gratuitamente.
– Existe um tempo entre a informação chegar ao produtor e ele de fato assumir o uso. Mesmo próprios colegas da Emater, que distribui o produto há cinco anos, não têm o hábito de usar.
É o caso do produtor rural Marcos Antônio Schimuneck, que trabalha na lavoura de tabaco, e chega a passar seis horas sob o sol forte. O período da colheita é de outubro a fevereiro, meses onde a radiação solar está mais alta
– A gente sabe que é importante, mas não temos o hábito de usar.
Já o agricultor Jairo Rodrigues Borges demonstra mais preocupação devido às irritações que surgiram em sua pele. Ele afirma utilizar protetor solar há quatro anos e gastar R$ 12 por mês com o produto. Borges confessa, no entanto, que demorou a fazer disso um hábito por preconceito:
– Tinha vergonha, falavam que era coisa de mulher. Mas depois que eu coloquei, senti a diferença. Deixe que me chamem de mulher, eu vou é cuidar da minha pele – brinca.

FONTE: Canal Rural
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