Se não fosse o
pacote tecnológico de insumos aplicado na agropecuária brasileira, hoje o País
teria de aumentar em 88 milhões de hectares as áreas cultivadas para obter o
mesmo resultado alcançado atualmente. Foram os fertilizantes, importantes
componentes desse pacote tecnológico, um dos responsáveis pelo expressivo
aumento registrado na produtividade média da agropecuária brasileira nas
últimas décadas. Ela estava em 1,44 toneladas por hectare nos anos de 1970 e
saltou para 4,24 toneladas por hectare na safra 2010/11 – considerando as 16
principais culturas. Os cálculos são da Anda – Associação Nacional para Difusão
de Adubos, que promoveu na segunda-feira (27), em São Paulo o 2º Congresso
Brasileiro de Fertilizantes.
Para conseguir
esse feito, o consumo de fertilizantes no País cresceu, ainda de acordo com a
Anda, a uma taxa geométrica média anual de 5,8% entre os anos de 1989 e 2011.
Com isso, o Brasil assumiu o posto de quarto maior mercado consumidor mundial
de fertilizantes, embora essa posição represente apenas 6% do consumo mundial
do insumo. A China (33%), Índia (17%) e Estados Unidos (12%) juntos consomem
62% de todo o fertilizante mundial.
A julgar pelas
excelentes perspectivas da agropecuária brasileira e pela crescente necessidade
do uso de fertilizantes, as lideranças do setor consideram que há ainda um
vasto campo para crescimento desse mercado no País. Reforça essa projeção
favorável o fato de que algumas regiões do País estão tendo um desempenho
agrícola acima da média. É este o caso da região conhecida como “Mapitoba”, que
inclui os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
Segundo
cálculos feitos por David Roquetti Filho, diretor executivo da Anda, esses
estados tiveram, no período de 1989
a 2011, um crescimento geométrico médio anual superior a
dois dígitos no consumo de fertilizantes. O campeão foi o Piauí, cujo
crescimento médio anual de venda de alcançou a marca de 19%; no Maranhão o
avanço médio geométrico no período chegou a 16,2% e em Tocantins em 15%. Apenas
para ter um dado comparativo, a expansão brasileira no mesmo período foi de
5,8%.
De acordo com
a avaliação de técnicos e consultores do setor, os fertilizantes tendem a
ganhar um papel cada vez mais decisivo no mundo, uma vez que a maior parte do
aumento na demanda por alimentos que se projeta terá de vir do crescimento da
produção em terras agrícolas já existentes. Estimativas da IFA – International
Fertilizer Industry Association indicam que nos próximos 50 anos, a agricultura
mundial terá de produzir mais que a soma de todo alimento cultivado nos últimos
10 mil anos.
VENDA CRESCE 3,5% NOS PRIMEIROS SETE MESES
DO ANO
De janeiro a
julho deste ano, as vendas de fertilizantes no Brasil alcançaram a marca de
14,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 3,5% em comparação
com o mesmo período de 2011, que foi de 13,8 milhões de toneladas. Os dados são
da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) que constatou ainda que o
total de nutrientes (NPK) entregues aos produtores brasileiros alcançou no
período analisado 5.864 milhões de toneladas, o que representa um aumento de
2,9% em relação ao mesmo período de 2011, quando foram entregues 5.700 milhões
de toneladas.
Em nutrientes,
as entregas de fertilizantes nitrogenados (N) apresentaram evolução de 2,4%,
passando de 1.551 milhões de toneladas em 2011 para 1.588 milhões de toneladas
em 2012, em função do aumento de demanda para as culturas de cana de açúcar,
algodão, café, milho safrinha e arroz.
Os
fertilizantes fosfatados (P2O5) registraram aumento de 6,0%, passando de 1.930
milhões de toneladas em 2011 para 2.046 milhões de toneladas em 2012, com
ênfase para as culturas de milho safrinha, algodão, plantio de cana de açúcar e
uma aceleração nas entregas para safra de verão de soja/milho. Nos
fertilizantes potássicos (K2O), foi registrado alta de 0,5%,passando de 2.219
milhões de toneladas em 2011 para 2.230 milhões de toneladas em 2012.
O Estado do
Mato Grosso concentrou o maior volume de entregas de fertilizantes no período
janeiro-julho/2012, atingindo 2.822 milhões de toneladas, seguido de São Paulo
com 2.034 mil toneladas, Paraná com 1.893 milhões de toneladas e o Rio Grande
do Sul com 1.489 mil toneladas.
A produção
nacional de janeiro-julho/2012 alcançou 5.358 milhões de toneladas, contra
5.428 milhões de de toneladas em 2011. Foram registrados crescimentos nas
produções dos fertilizantes nitrogenados de 5,2% e fosfatados de 9,3%, enquanto
os potássicos apresentaram redução de 9,0%.
As
importações de fertilizantes intermediários alcançaram 10.376 milhões de
toneladas no período janeiro-julho de 2012, acusando redução de 6,7% em relação
ao mesmo período de 2011, quando entraram pelos portos brasileiros 11.121 milhões
de toneladas. As reduções observadas foram de 6,8% nos fertilizantes
FONTE: Grupo Cultivar