O Decreto que
institui a Política de Agroecologia e Produção Orgânica, publicado no Diário
Oficial da União, aponta para um futuro de valorização da atividade, mas ainda
é insuficiente para a implantação de um projeto agroecológico efetivo no país.
A avaliação é da secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmen Foro.
Ela participou
nesta terça, dia 21, de um debate sobre agroecologia durante o Encontro
Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das
Florestas. O evento ocorrerá dia 22 de agosto de 2012, em Brasília.
— Ainda
estamos analisando (o documento), mas achamos que o governo tinha que ter
incorporado um conjunto de proposições que fizemos. O decreto tem princípios
que saíram da agenda que formulamos, mas ainda deixou de fora elementos
fundamentais para a execução prática da agroecologia e não dá conta dos
desafios que temos. Não é possível, por exemplo, haver agroecologia sem reforma
agrária ou sem investimentos e isso não está de forma clara no decreto — disse.
O documento
define como diretrizes da política, entre outros elementos, a promoção do uso
sustentável dos recursos naturais, a valorização da agrobiodiversidade e dos
produtos da sociobiodiversidade, o estímulo às experiências locais de uso e
conservação dos recursos genéticos vegetais e animais, e a ampliação da
participação da juventude rural na produção orgânica e de base agroecológica.
Outro fator
considerado primordial pela representante da Contag, para a implantação de um
projeto agroecológico no país, é o de combater as desigualdades de gênero no
campo. Segundo Carmen Foro, essas desigualdades são “evidentes”, embora não
sejam traduzidas em números.
— Temos poucos
números que retratem essas desigualdades, mas a prática demonstra que isso
existe de forma muito perversa. Não teremos um projeto agroecológico se não
enfrentarmos a divisão sexual do trabalho e a violência contra as mulheres no
campo, por exemplo. Não adianta cuidar para que as formigas não morram se
mulheres são espancadas — destacou.
FONTE: Agência Brasil