A situação dos
índios da etnia Guarani Kaiowá, que lutam pela posse da terra em Mato Grosso do Sul,
voltou a ser discutida em Brasília (DF) nesta quinta, dia 1º. Desta vez, foi na
Comissão de Direitos Humanos do Senado. As lideranças indígenas pediram urgência
na demarcação de terras da etnia Guarani Kaiowá.
– Já ouvimos
muito discurso bonito, recebemos cesta básica, mas isso não resolve. Queremos a
demarcação do nosso território – afirmou o líder kaiowá Elizeu Lopes.
Segundo ele,
até agora, os povos indígenas só estão vendo os índios serem retirados de onde
ocupam e não há sinais de quando vai começar a demarcação das terras. Na última
terça, dia 30, os 170 índios foram autorizados a permanecer na área de um
hectare na fazenda Cambará, no município de Iguatemi, a 462 quilômetros de
Campo Grande. Antes, outra decisão da Justiça havia determinado a saída dos
indígenas.
– Não
aguentamos mais viver embaixo de uma lona preta, as crianças tomando água suja,
sem ter condição de vida digna com nossas famílias. Os guaranis kaiowás vêm
morrendo de atropelamento na beira da estrada, ataque de pistoleiro, muitos
matando nossas lideranças. Não aguentamos mais isso – disse Elizeu.
Outro ponto
destacado pelos representantes guranis kaiowás foi a necessidade de apuração
das mortes de líderes indígenas. A presidente da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Marta Maria Azevedo, também participou da audiência pública e destacou
que a situação dos guaranis kaiowás é única e a mais preocupante em todo o
Brasil.
– A gente tem
certeza que é preciso um pacto social e que a Funai, sozinha, não dá conta. O
processo administrativo de demarcação é longo, é demorado, envolve diferentes
atores. Então, por isso, a gente precisa sim de vigilância constante porque a
situação é grave – defendeu Marta.
O secretário
executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, cobrou
uma melhoria na estrutura dos Estados para tratar das questões indígenas.
– Não pode
ocorrer mais de a Funai gastar com a rubrica de demarcação de terra só R$ 29
milhões, como aconteceu em 2010 e 2011. Isso infelizmente não vai resolver a
situação. Para ele, a Funai precisa fazer concursos específicos para viabilizar
e acelerar os processos de demarcação de terras indígenas que estão muito aquém
do que é necessário – avaliou Buzatto.
Para o senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a situação dos guaranis kaiowás precisa ser acompanhada de perto pela
Comissão de Direitos Humanos do Senado.
– É uma
situação que mobilizou a opinião pública, lamentavelmente, só agora. Mas é um
drama que os povos guaranis sofrem há muito tempo. É necessário um diálogo
permanente com as instituições, com a Funai, com o Ministério da Justiça, com o
governo do estado de Mato Grosso do Sul – ressaltou..
FONTE: Agência Brasil e Canal Rural