O aumento da
fiscalização e a maior conscientização ambiental no país levaram a uma inversão
na participação da extrativa vegetal e da silvicultura (florestas plantadas) na
produção primária florestal brasileira, segundo dados da pesquisa Produção da
Extração Vegetal e da Silvicultura 2011 (Pevs), divulgada na quinta, dia 6,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O gerente da
pesquisa, Luís Celso Guimarães Lins, disse que o país vivenciou, nas últimas
décadas, uma transformação no setor de produção de madeira, com a expansão da
produção de toras de madeiras a partir de florestas plantadas.
– É só
observar que em 1990 a
extrativa vegetal chegava a responder por 67% de toda a madeira produzida,
enquanto a silvicultura era responsável por apenas 33% da madeira produzida nas
florestas brasileira. Cinco anos depois, em 1995, esse percentual já havia sido
invertido: a extrativa vegetal respondia por apenas 47% da madeira produzida,
enquanto a silvicultura saltava para 53% – afirmou.
Os números,
segundo o técnico do IBGE, foram sendo alterados ano a ano com a produção
decorrente da silvicultura e, uma década depois, em 2000, já respondia por 77%
da produção total de madeira.
– Não há
dúvidas de que a silvicultura vem crescendo ano a ano em detrimento da
extrativa vegetal. E dois são os fatores que levam a esse fenômeno: o aumento
da fiscalização, principalmente sobre os produtos madeireiros e a necessidade
das indústrias de suprir seus parques produtivos. Setores como o de celulose,
papel e papelão, siderurgia, móveis, todos estão procurando plantar as árvores
que viabilizarão sua própria produção – completou.
Segundo o
IBGE, em 2011, a
produção primária florestal do país somou R$ 18,1 bilhões. A silvicultura
contribuiu com R$ 13,1 bilhões (72,6%) e apenas R$ 5 bilhões vieram da
extrativa vegetal (27,4%).
Isoladamente,
a participação dos produtos madeireiros na extração vegetal, em 2011, foi de R$
4 bilhões, contra R$ 935,8 milhões dos produtos não madeireiros. Na
silvicultura, os quatro produtos madeireiros somaram R$ 13 bilhões, contra
apenas R$ 151,8 milhões dos não madeireiros.
De acordo com
o IBGE, os produtos não madeireiros do extrativismo vegetal que se destacaram
pelo valor da produção, em 2011, foram o coquilho de açaí (R$ 304,6 milhões);
amêndoas de babaçu (R$ 142,2 milhões); fibras de piaçava (R$ 123,4 milhões);
erva-mate nativa (R$ 118,0 milhões); pó de carnaúba (R$ 90,2 milhões); e
castanha-do-pará (R$ 69,4 milhões).
Em relação à
silvicultura, a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
(Abraf) divulgou que o Brasil tem sete milhões de hectares de florestas
plantadas, dos quais 69,6% são plantios de Eucaliptos; 23,4% de pinus; e 7%
plantios de outros gêneros.
Os dados da
Abraf indicam ainda que, em 2011, de um total de 139,9 milhões de metros
cúbicos produzidos de madeira em tora, 89,9% são oriundos das florestas
plantadas e apenas 10,1% do extrativismo vegetal.
A produção de
madeira em tora destinada para papel e celulose contribuiu com 60,3% no total
obtido pela silvicultura. Já a produção de carvão vegetal alcançou 5,478
milhões de toneladas, das quais 75,3% foram produzidas pela silvicultura e
apenas 24,7%, pela extração vegetal.
Na
participação da produção de lenha, o extrativismo vegetal colaborou com 42,1%,
de um total de 89,3 milhões de metros cúbicos, contra 57,9% da silvicultura. No
outro extremo, vem caindo a participação dos principais produtos madeireiros da
extração vegetal, com destaque para o carvão e a lenha, que apresentaram
decréscimo em suas produções (10,1% e 1,7%, respectivamente) quando comparados
com as obtidas no ano anterior.
FONTE: Agência Brasil