O número de
pequenos produtores de leite caiu pela metade nos últimos sete anos no Brasil.
O levantamento de uma consultoria especializada considerou os dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e aponta os custos com
mão-de-obra e produção como os principais fatores para a troca de atividade. O
estudo também indica o que pode ser feito para quem não quer desistir do
negócio.
O produtor,
Aldair Álvares, de Uberlândia, Minas Gerais, conta que o local onde funcionava
a sala de ordenha está desativado há seis meses. Os únicos dois funcionários
que auxiliavam na coleta do leite foram dispensados. Os custos da produção e da
mão-de-obra ficaram altos demais e o lucro cada vez menor.
– Faz uns
cinco ou seis anos que o leite está mantendo o mesmo valor. Os custos subiram
muito. Energia, funcionário, tudo aumentou. Sem lucro na atividade, ninguém
pode tocar serviço nenhum – disse o produtor.
Ao longo de 40
anos, o rebanho de Álvares chegou a produzir 400 litros do produto
por dia. As vacas e bezerros que restaram estão sendo vendidos aos poucos. A
plantação de banana, que antes apenas complementava a renda, agora, sustenta a
família.
– A gente tirava do custo do leite, o resto do
dinheiro da banana era para suprir a necessidade de manter o leite, na
esperança que melhorasse um dia, o que não aconteceu. Acabei com o leite,
fiquei só com as bananas. Com as bananas está dando para sobreviver – diz o
produtor.
A pesquisa
realizada pela consultoria especializada no setor aponta queda de 55% no número
de pequenos produtores de leite no país, nos últimos sete anos. Em 2006, havia
930 mil, de acordo com o IBGE. Hoje, são 415 mil, segundo resultados da
pesquisa.
– Antes você tinha custos mais elevados, um
prejuízo que cobria com outra atividade da fazenda. Mas agora, com ausência de
mão-de-obra, essa disputa com centros urbanos, causou uma saída muito grande de
produtores da atividade – diz diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de
Uberlândia, Eduardo Dessimoni.
Se desistir
não é a opção, aumentar a produção pode ser a saída. De acordo com
especialistas ouvidos na pesquisa, as indústrias têm preferência por captar
leite de grandes produções. O motivo é o custo elevado do transporte da matéria
prima. Da propriedade de Rafael Heitor de Andrade, no Distrito Federal, saem 1,500 litros de leite
por dia. A meta é dobrar o volume até o ano que vem. Para isso, ele vai
investir na alimentação dos 100 animais.
– Estou
formando 15 hectares ,
onde colocar as vacas durante o período da chuva. A silagem só no período de
seca. Com isso, devo dobrar minha produção. Vou dobrar minha capacidade de
alimentação, além de aumentar minha produção – destaca Andrade.
FONTE: Canal Rural