Mediado pelo
chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Clima Temperado e
especialista em agrobiodiversidade e soberania alimentar, pesquisador João
Carlos Costa Gomes, o painel sobre a trajetória do Congresso Brasileiro de
Agroecologia (CBA-Agroecologia) revelou o crescimento desse campo de
conhecimento no Brasil e na América Latina.
Os avanços e
desafios são contados conforme a descrição de Costa Gomes, por “testemunhas
oculares da história” como Francisco Roberto Caporal, Maria Emília Pacheco,
Miguel Altieri e Manuel Gonzalez de Molina Navarro, que integraram o painel
realizado na última segunda-feira (25/11), no Centro de Eventos da PUC, em
Porto Alegre, durante esta edição do Congresso.
O evento está
sendo transmitido ao vivo pela Internet, no site do Congresso:
(www.cbagroecologia.org.br) ou no link para o CBA-Agroecologia, no site da
Emater/RS-Ascar (www.emater.tche.br).
Francisco
Caporal destacou que o Rio Grande do Sul, mesmo apontado atualmente como o
maior consumidor de pesticidas do Brasil, teve aprovada a primeira Lei do
Agrotóxico, em Santa Maria, no Centro do Estado, ainda na década de 1980, e a
capacitação massiva de extensionistas rurais para a sustentabilidade do meio
ambiente na década de 1990.
“Nesse ano, um
evento em Porto Alegre reuniu 582 participantes preocupados com a crise
sócio-ambiental presente nessa relação”, contou Caporal. “A partir daí vão
nascer os encontros de Agroecologia e as Cartas Agroecológicas, assim como o
embrião para o Marco Referencial para a Pesquisa em Agroecologia lançado pela
Embrapa, em 2006”, completa ele.
Segundo Caporal,
nos últimos dez anos, o CBA contabiliza um público de 19.132 pessoas e 4.714
trabalhos. “Trabalhos reais que, de fato, construíram o conhecimento em
Agroecologia para ajudar na saúde do planeta”, afirmou o palestrante.
Miguel Altieri,
da Universidade da California, em Berkeley, resumiu o crescimento da Ecologia
na América Latina, entre 1970 e 1990, destacando o “diálogo de saberes como
princípio da Agroecologia, com as diferenças entre os enfoques convencionais e
agroecológicos e como requisito de tecnologia apropriada para o campesinato e
que hoje se mostra como proposta clara para a conservação dos recursos
naturais”.
Para Altieri, o desafio da Agroecologia para as próximas décadas é a produção de alimentos que
não dependam dos fatores climáticos como os sistemas agroflorestais. Altieri
encerrou sua participação lembrando que o Brasil é o único país no mundo a ter
uma Lei Nacional de Agroecologia.
Manuel Gonzales
de Molina afirmou que a Agroecologia hoje conquistou status acadêmico
consolidado, mas está frente a dois importantes desafios: a convencionalização
da agricultura de base ecológica e a resistência às intenções de cooptação
científica.
Frisando a
comemoração do Dia Internacional pelo fim da Violência contra a Mulher, no dia
25 de novembro, Maria Emília Pacheco iniciou seu relato sobre a caminhada
agroecológica do CBA dizendo que “a Agroecologia está inegavelmente junto à
luta das mulheres e que ela sai de si mesma para uma construção política”, salientando
o desafio da incorporação de vários campos de atuação como a organização das
mulheres, a soberania e a segurança alimentar e a saúde. “A Agroecologia é uma
manifestação anti-capitalista e os processos são políticos”, ressaltou a
palestrante.
FONTE:
Portal Dia de Campo