HIDRELÉTRICA DE FURNAS OPERA COM APENAS 29% DO RESERVATÓRIO

Quem passa pelas estradas do sul de Minas Gerais se encanta com o grande lago azul da represa de Furnas. O “mar dos mineiros”, como é conhecido, surgiu em 1963 com a construção da Hidrelétrica de Furnas e o represamento das águas do Rio Grande. Foi a primeira grande hidrelétrica do Brasil construída para solucionar a crise energética que ameaçava o país na década de 1950. Obra que mudou completamente a paisagem da região. São 1.440 km² de áreas alagadas banhando 34 municípios do sul de Minas Gerais.
Mas quem conhece a região e passa por ela hoje se assusta com a mudança na paisagem. A estiagem que atinge o Sudeste do Brasil desde o final de 2012 afastou os visitantes e trouxe prejuízos para quem trabalha com o turismo e aquicultura. O nível máximo da represa é de 768 metros acima do nível do mar. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), na medição desta semana, 22 de junho, o reservatório estava 11 metros abaixo do máximo, com 757,9 metros, o que representa 29,11% de seu volume útil.
Algumas regiões, beneficiadas pelo relevo, ainda conseguem manter atividades como a navegação. Em outras é possível ver claramente a redução do lago, o recuo da água e os prejuízos causados. Estruturas que estavam encobertas pela água apareceram, como a Ponte das Amoras, travessia que ligava as cidades mineiras de Alfenas (MG) e Campos Gerais (MG) e que foi alagada com a construção da Hidrelétrica de Furnas.
Na cidade de Campo do Meio (MG), a água recuou mais de dois quilômetros, um hotel fechou as portas e vários outros tiveram que dispensar funcionários. A informação é de Fausto Costa, presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas de Furnas e secretário executivo da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago). Segundo Costa, pecuaristas estão refazendo as cercas das fazendas para que o gado não fuja, já que o recuo da água acabou com a “cerca natural” que as fazendas tinham. A produção de tilápias em tanques diminuiu 50%
– Precisamos de chuva. O lago voltando a encher basta colocar os tanques na água e retomar a aquicultura. Já o turismo vai precisar de mais tempo para se recuperar, já que não reage imediatamente. Será preciso ações e marketing para atrair novamente os turistas – diz o presidente do Comitê.
A situação mais grave, a maior baixa da represa de Furnas, foi registrada em dezembro de 1999, quando o lago atingiu 751,90 metros. Naquela época, não houve o comprometimento na geração de energia. Diferente desta vez, por medida de segurança a hidrelétrica parou de produzir energia durante a madrugada para poupar o reservatório e, principalmente, garantir água nos próximos meses de estiagem.



FONTE: Canal Rural
Matérias assinadas ou com indicacação de fontes são de responsabilidades dos autores, não expressando opiniões ou ideias do Brasil Agrícola.