Os custos para
se produzir café estão mais altos em Minas Gerais e demais regiões produtoras do país.
O impulso nos gastos veio principalmente do reajuste de 8,84% no salário
mínimo, que subiu de R$ 724 para R$ 788 em 1º de janeiro de 2015. Nas regiões
onde a produção de café depende totalmente de mão de obra, com a elevação dos
salários dos funcionários, a margem de lucro do cafeicultor ficou ainda mais
restrita, mesmo com a valorização dos preços pagos pelo café. Em Minas Gerais , o maior
custo de produção é observado em Guaxupé, no Sul de Minas, onde para se
produzir uma saca de 60 quilos são gastos R$ 469,79. O preço pago pelo grão
encerrou 2014 cotado, na média Brasil, a R$ 454,13.
Os dados são
do "Boletim Ativos do Café", elaborado pela Superintendência Técnica
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de
Inteligência em Mercados (CIM) da Universidade Federal de Lavras (Ufla). De
acordo com os dados da pesquisa, considerando o Custo Operacional Efetivo (COE)
em dezembro de 2014 para a espécie arábica, o reajuste salarial de 2015 gerou
aumento médio de 3,15% no COE na média do país. O COE reúne os gastos
necessários para a condução da atividade, como pagamento da mão de obra,
fertilizantes, defensivos, energia, combustível, manutenção, reparos, impostos
e taxas, assistência técnica, entre outros.
Em regiões
cujo processo é dependente da mão de obra, o aumento no COE foi de 4,81% em média. A maior variação
no COE, entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, ocorreu em Manhumirim, na
Zona da Mata mineira, onde o reajuste salarial gerou aumento de 5,35% nos
custos. Já nas regiões onde a produção é mecanizada, como na região do Cerrado,
o aumento no COE causado pelos salários foi de 1,84%, em média.
Fertilizantes
O Custo
Operacional Total (COT), no segundo semestre de 2014, ficou maior na maioria
das regiões produtoras analisadas. Os gastos com fertilizantes foram os
principais responsáveis pelas variações no COT em todas as regiões cafeeiras. A
desvalorização do real frente ao dólar também favoreceu o aumento nos preços
dos fertilizantes na região.
No Estado, a
maior alta no custo com fertilizante foi observada em Santa Rita do Sapucaí,
no Sul de Minas, 9,82%. Nas regiões onde existe maior concentração de
cooperativas, onde é possível negociar preços mais competitivos com os
fabricantes, foi registrado recuo nos gastos com fertilizante. A maior queda no
Estado foi em Guaxupé, Sul de Minas, (5,56%) e Monte Carmelo, no Cerrado,
(5,31%).
Segundo a CNA,
os custos com mecanização da cultura também aumentaram ao longo do segundo
semestre de 2014, ficando em média 1,79% maiores nas regiões produtoras de
arábica. Já os custos com corretivos e defensivos agrícolas caíram 4,35% e
7,75%, respectivamente.
Ao longo do
segundo semestre de 2014, em
Minas Gerais , dos cinco municípios pesquisados, em três foi
registrado incremento nos COT. A maior alta ocorreu em Santa Rita do Sapucaí,
onde o custo de produção de uma saca encerrou o ano em R$ 465,43, elevação de
2,08% no período. Em Manhumirim, a alta de 0,9% fez com que os custos da saca
ficassem em torno de R$ 446,61. Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, o custo
de uma saca é de R$ 325,05, aumento de 0,75%.
Em Guaxupé, o
custo de produção de uma saca de 60 quilos encerrou 2014 em R$ 469,79, queda de
1,21%. Apesar da retração, o custo é o mais elevado do Estado. Redução de 3,69%
foi observada em Monte
Carmelo , onde o cafeicultor gastou, em média, R$ 337,06 para
produzir uma saca.
Danos
A estiagem
atípica registrada em 2014 causou danos aos cafezais e promoveu queda na
produção, fatores estes que impulsionaram os preços pagos pelo café. Segundo o
levantamento da CNA, a condição climática desfavorável reverteu o cenário de
queda nos preços que era esperada para 2014.
De acordo com
os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), a saca de 60 quilos iniciou 2014 sendo negociado a R$ 281,71á e
encerrou dezembro em R$ 454,13, aumento de 61,2%. Ao longo de 2014, o aumento
mais expressivo foi observado em Monte Carmelo. Nesde
município, o café era comercializado em janeiro a R$ 265,5, tendo encerrado o
ano a R$ 483 por saca, valorização de 81,92%.
FONTE: Diário do Comércio