PESQUISADORES E BOLSISTAS DISCUTEM NOVAS LINHAS DO CONHECIMENTO E VALORIZAM INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM CONGRESSO


Cristiane Betemps
Embrapa Clima

Três dias para valorizar o trabalho dos bolsistas de pesquisa foi planejado pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) ao reunir, nesta semana, cerca de 138 trabalhos técnico-científicos, privilegiando diversas áreas do conhecimento, em especial, a das Ciências Agrárias. O IV Congresso de Iniciação Científica da Embrapa Clima Temperado, evento tradicional realizado de dois em dois anos, estimula a renovação de pesquisadores e contribui para melhoria da programação de pesquisa da Empresa.
Tendo foco no futuro, a temática desta edição trouxe Ciência e Inovação para 2050: Qual o futuro que queremos? Segundo o chefe-geral Clenio Pillon, a Embrapa está dando sua contribuição com reflexões a serem dadas às mudanças que serão necessárias à Agricultura nos próximos tempos. “Temos uma das maiores carteiras de projetos de pesquisa da Embrapa e a nossa responsabilidade não é somente na produção de alimentos a qualquer custo, mas com tecnologias sustentáveis e de qualidade. Os estagiários e bolsistas são uma força de trabalho que dão riqueza a nossa missão”, destacou.
O evento organizado para envolver interessados em Ciência e Tecnologia trouxe especialistas para fomentar a pesquisa a ser realizada no futuro. “A sociedade espera da Agricultura novos papéis e as bases técnico-científicas da agricultura sustentável impõe discutir questões emergentes que precisam ser debatidas”, explicou a coordenadora do evento e pesquisadora Caroline Marques Castro. Ela falou que a grande razão do evento são os trabalhos técnicos dos acadêmicos. “Sem os trabalhos dos bolsistas não aconteceria o Congresso”, completou.
Sobre a discussão realizada sobre a temática do evento para daqui cerca de 40 anos, a coordenadora argumentou: “A pesquisa está sempre trabalhando para o futuro”, disse. Enquanto que as acadêmicas de Agronomia da UFPel, Taise Carbonari, da Graduação e Daniela Priori, do Doutorado, concordaram que é possível discutir abordagens para os próximos anos. “Estamos em evolução hoje, temos que pensar em nossas atividades que estamos realizando, agora, daqui a cinco ou seis anos. E tem sim, como projetar para 40 anos”, falou Daniela. Taise vê que este intervalo de tempo traz ansiedade e insegurança, mas faz parte do processo de pesquisa. “O planejamento é fundamental, mesmo que se tenha essa insegurança, o método de pesquisa sempre vai exigir essa condição: planejar”, comentou Daniela.
A pesquisadora Angela Campos Diniz sempre participa do Congresso, através de seus bolsistas de pesquisa, pois entende que é um momento para incentivar os acadêmicos a realização de pesquisas, aquisição de experiência, segurança em apresentação oral e é importante para quem quer seguir a carreira acadêmica. “Todo mundo fica igualmente nervoso, é uma oportunidade de contemplar, também, o nosso trabalho”, destacou.
No início das manhãs do Congresso aconteceram as apresentações de novas estruturas de funcionamento de programas de pesquisa, seguidas ao longo do dia, por apresentações de trabalhos técnico-científicos pelos bolsistas.
No primeiro dia foram apresentados 66 trabalhos técnicos simultaneamente, sendo divididos em sessões temáticas voltadas às questões de recursos genéticos, melhoramento e biodiversidade; comunicação e transferência de tecnologias; sistemas de produção de frutas e hortaliças; sistemas de produção de grãos em terras baixas; desenvolvimento de novos insumos; agroecologia. Já no segundo dia, 63 trabalhos técnicos, também simultâneos, foram compartilhados com o público versando sobre recursos genéticos, melhoramento e biodiversidade; pós-colheita e agregação de valor; sistemas de produção de leite e integração lavoura-pecuária-floresta; agroenergia; recursos naturais e planejamento ambiental. O último dia, ficou reservado a apresentação de nove trabalhos, seguido das premiações.

Das palestras e discussões

A abertura do Congresso contou com a presença do professor da UFRGS e membro do grupo Assessor Especial da Diretoria de Relações Internacionais da Capes, Luiz Carlos Federizzi que discorreu sobre o Programa Ciência sem Fronteiras: Ciência e Inovação, através do intercâmbio de conhecimento. Federizzi empolgou a platéia com as possibilidades que o programa possui de viabilizar capacitação e pós-graduação direcionadas às universidades estrangeiras. “No mundo cresce 4% a produção científica, o Brasil já está ultrapassando esta taxa”, comenta. Mas, segundo ele, o país precisa crescer muito mais, e o Ciência sem Fronteiras, um programa do Governo Federal, vem estimular esta importância e necessidade brasileira. “Estamos titulando mais de 40 mil/ano, a ideia é chegar a 44 mil/ano”, destacou. O professor divulgou que o programa pretende atingir 101 mil bolsas de estudo, inclusive para graduação no estrangeiro, mestrado, doutorados e pós-doutorados e especializações técnicas até 2015.
O coordenador da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico Regional da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Estado, Alberto Rossi, tratou de aproximar os participantes dos projetos que a Secretaria apóia no âmbito do Rio Grande do Sul.
O painel de Integração dos Programas de Pós-Graduação com a Programação de Pesquisa da Embrapa Clima Temperado foi feito para mostrar a interface existente entre as ações de pesquisa da Unidade e o corpo docente pertencente aos cursos de Pós-Graduação em Agronomia, Manejo de Solo e Água, Fitossanidade, Fisiologia Vegetal, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Sistemas de Produção Agrícola Familiar e Enfermagem da UFPel.
E a palestra do diretor de pesquisa para América Latina e Caribe do Centro Internacional de Agricultura Tropical ( Ciat), Elcio Gomes, tratou de mostrar a nova estrutura dos centros internacionais de pesquisas, através da instalação de 15 programas integrados entre todos os países para atender os desafios de alimentar a população em 2050.
Entre as novidades desta edição, o Congresso contou com a maioria de apresentações orais, e uma nova área de divulgação técnica foi proposta através de quatro vídeos técnicos atendendo as áreas de Cultura de Tecidos e produção de culturas como a cebola e o arroz irrigado.
Para Elisa Santos, acadêmica e bolsista do Laboratório de Reprodução Animal, a experiência de ver o que os outros estão fazendo de trabalho científico é importante. “É bom também por que a gente aprende a se comunicar melhor”, enfatizou.
Dos trabalhos apresentados no Congresso, receberam o certificado de Trabalho Destaque neste ano, as acadêmicas Andressa Curtinaz e Tainã Figueiredo Cardoso, na categoria Iniciação Científica, orientadas pela pesquisadora Lígia Cantarelli Pegoraro; e a acadêmica Marene Machado Marchi, na categoria Pós-Graduação, orientada pela pesquisadora Rosa Lia Barbieri.O vídeo sobre a cultura da Cebola Orgânica também recebeu menção de destaque.

FONTE: Grupo Cultivar
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