Os maiores
produtores mundiais de potássio apostaram por anos em uma demanda crescente
pelo seu produto, mas o preço alto tem levado agricultores pelo mundo a migrar
para outros nutrientes, informou o jornal Wall Street Journal.
Um exemplo
dessa mudança é o pequeno agricultor Virender Kumar Rai e sua propriedade no
Estado de Bihar, no leste da Índia. Ele trocou o potássio pela ureia em suas
plantações de trigo, arroz e vegetais.
– Os preços
dos fertilizantes de potássio realmente dispararam – disse, assinalando que a ureia, um
fertilizante à base de nitrogênio, lhe custa a metade do preço.
Por uma década
até 2009, o preço do potássio mais do que triplicou na expectativa de que a
demanda pela matéria-prima de fertilizantes aumentaria muito com o crescimento
da população e melhoria da dieta em mercados emergentes como China e Índia.
Grandes
produtores que dominam a indústria expandiram minas. Em 2015, a Potash Corp of
Saskatchewan, segunda maior produtora mundial depois da russa Uralkali, deverá
ter dobrado sua capacidade em relação aos níveis de 2003. Além disso, entraram
para a indústria um grupo de empresas iniciantes de pequeno porte e gigantes da
mineração como a BHP Billiton.
Desde 2002, a capacidade global
de produção de potássio aumentou cerca de 30%, para aproximadamente 64 milhões
de toneladas por ano, de acordo com analistas do Bank of Nova Scotia. Mas a
projeção é de que a demanda em 2012 tenha ficado 9% abaixo do pico alcançado em
2007.
A crise
financeira fez com que agricultores ao redor do mundo buscassem alternativas
mais baratas. Enquanto isso, grande parte do incremento de demanda esperado por
parte de mercados emergentes não se materializou. Na Índia, considerada um dos
mercados mais promissores do segmento, a demanda caiu drasticamente em meio aos
preços crescentes cobrados pelo que alguns agricultores ainda consideram luxo.
O governo
reduziu os subsídios dos nutrientes há dois anos, enquanto uma valorização de 30%
da rupia desde 2008 tem deixado o potássio importado ainda mais caro para os
produtores locais.
A queda da
demanda tem deixado a indústria com excesso de capacidade. A empresa de
consultoria em
finanças BMO Capital Markets estima que, mesmo que não sejam
construídas novas minas ou haja expansão das já existentes, a capacidade será
cerca de um quinto maior do que a demanda em apenas três anos.
– Você tem um
aumento de capacidade que não é necessário, e ainda não há crescimento da
demanda – disse o analista do Scotiabank Ben Isaacson.
Com essa
perspectiva, os preços recuaram. O potássio enviado para fora de Vancouver, no
Canadá, está sendo vendido em torno de US$ 425 a tonelada, menos da
metade do seu pico de US$ 860 no início de 2009, de acordo com o Scotiabank.
Por outro
lado, os produtores têm se esforçado para reduzir a produção. A Potash Corp
fechou temporariamente quatro de suas minas canadenses. A Uralkali informou que
vai usar apenas 50% de sua capacidade para o primeiro trimestre de 2013, ante 70%
no primeiro trimestre do ano passado e quase 100% em igual período de 2011.
A Canpotex
informou que chegou a um acordo de fornecimento com a Sinofert Holdings, da
China, para o primeiro semestre de 2013 por US$ 70 a tonelada a menos do que o
preço do último contrato estabelecido em março 2012. O preço, que representa
queda de cerca de 15%, será uma referência para outros contratos.
Executivos das
maiores produtoras de potássio dizem ter observado problemas similares antes,
mas ponderam que os fundamentos de longo prazo do mercado continuam atraentes.
Eles alegam que, ao longo dos anos, usar apenas fertilizantes como ureia pode
causar um desequilíbrio químico no solo, o que levará os agricultores a
recorrerem ao potássio.
FONTE: Estadão Conteúdo