Cristiane
Viegas
Piracicaba-SP
Em meio à
crise que atingiu a citricultura no ano passado, a Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP)
desenvolve uma técnica autossustentável para combater uma das piores pragas dos
últimos tempos, o greening. A doença, que apareceu pela primeira vez no Brasil
em 2004, já acabou com milhões de plantas cítricas no Estado de São Paulo. Os
pesquisadores estudam uma forma mais natural de combate a praga.
– Sem dúvida,
uma das buscas que nós fazemos já há algum tempo é realmente substituir o
método de agroquímicos por produtos biológicos e nós trabalhamos aqui com
inimigos naturais, insetos que atacam insetos e que acabam por destruí-los
evitando assim que os prejuízos sejam causados – explica o agrônomo José Roberto
Parra, coordenador da pesquisa.
No caso do
controle do greening, as vespas são as principais aliadas no trabalho de
eliminação das pragas. Elas são criadas nos laboratórios, assim como a bactéria
causadora da doença. Os insetos são desenvolvidos em salas separadas, e o
processo que deve acontecer nos pomares é imitado nas estufas.
Logo após
nascer, a vespa vai para as plantações e lá vive por 20 dias. Neste período,
ela vai parasitar diretamente na praga. Ao se reproduzir, ataca a doença das
plantas.
O nome
científico dado ao greening é psilideo. A tese de doutorado do engenheiro
agrônomo Alexandre José Ferreira Diniz é em cima da pesquisa.
– Uma vez ela
espalhada no pomar ela vai procurar as formas jovens das ninfas do psilídio, em
cada uma delas, ela vai colocar um ovo. Do ovo, vai sair uma larva, que vai
passar a se alimentar do corpo da ninfa da praga até o momento que essa ninfa
vai morrer impedindo que ela se tornasse um novo psílideo e continuasse
causando danos no pomar. Ela vai se desenvolver no corpo da ninfa, e vai nascer
uma nova vespa, que já vai migrar pelo pomar. Desse modo, inicia um processo
que independe da nossa atuação – conta o doutorando.
O foco é medir
o rendimento da proliferação de vespas sobre a praga. De acordo com o pesquisador,
o método está sendo aplicado em várias regiões do Estado de São Paulo.
– A gente tem
feito em liberação de sete áreas de SP. O que a gente está encontrando é um
parasitismo, uma redução de 60%, ou em alguns casos até de 90% do inimigo
natural. O nosso objetivo é aumentar a popularização das vespas no pomar.
Quanto maior, mais rápido vai acontecer. As vespas só se alimentam das ninfas,
e em momento algum causa dano para o pomar – salienta.
O próximo
passo, segundo o coordenador da pesquisa, é a comercialização dos agentes de
controle biológico.
– É
fundamental que haja uma série de empresas que possam comercializar esses
agentes, dando instruções adequadas – diz Parra.
FONTE: Canal Rural